domingo, 7 de abril de 2024

DOROTHY STANG, A VOZ QUE AINDA ECOA NA FLORESTA

                                                                         


O martírio da irmã Dorothy Stang, brutalmente assassinada no Pará, completou 19 anos, ontem. A missionária americana naturalizada brasileira chegou ao país em 1966 para trabalhar como missionária com outras religiosas da congregação Notre Dame de Namur, todas vindas dos Estados Unidos. Em 1970, mudou-se para a cidade paraense de Anapu. Desde então, Dorothy Stang dedicou-se à luta por proteção ambiental e pelos direitos de trabalhadores rurais envolvidos em conflitos por terra. Por essa atuação, foi morta a tiros.

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Felício Pontes Júnior, procurador regional da República, que atuou no processo que investigou o assassinato da irmã Dorothy, disse ao Correio que o legado da missionária é cada vez mais atual. “Ela conciliava direitos humanos com direitos da natureza quando esse último termo não era nem utilizado naquele tempo. Esses assassinatos e de tantos outros mártires da Amazônia mostram que nós ainda não conseguimos fazer com que o Estado se tornasse presente na região. Quando o Estado não está presente, impera a lei dos mais fortes. Nesse caso, os mais fortes sempre são fazendeiros e madeireiros que ainda constituem a elite econômica da região.”

Pressão internacional

A execução da irmã Dorothy, que teve ampla repercussão na imprensa do Brasil e do exterior, chamou atenção para a ascensão das tensões que aconteciam na região. O assassinato da missionária pressionou o governo brasileiro, que sofreu pressões internacionais, em um momento particular em que se discutia o desmatamento desenfreado da Floresta Amazônica e a violência no campo. À época, o presidente Lula — que governava o país pela segunda vez — afirmou que “só descansaria” quando os responsáveis pelo assassinato fossem presos.

Na avaliação do procurador Felício Pontes Júnior, o assassinato da irmã Dorothy foi um dos poucos homicídios no campo devidamente julgados em que os assassinos foram identificados e condenados à cadeia. “Esse é um dos raros casos na Justiça na Amazônia em que todos aqueles que, pelas provas dos autos, estavam envolvidos no caso, foram devidamente julgados e condenados.”

Dorothy Stang se tornou um símbolo dos conflitos agrários no país. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) prestou homenagem à missionária, ontem, e se posicionou sobre o legado da ativista ambiental. “Neste 12 de fevereiro, a Igreja na Amazônia faz memória dos 19 anos do martírio de Irmã Dorothy Stang. Mesmo com o passar do tempo, Irmã Dorothy continua presente! Seu legado continua vivo na luta do povo por justiça, pelo direito de plantar e colher com dignidade.”

Texto na integra em

Dorothy Stang, a voz que ainda ecoa na floresta (correiobraziliense.com.br)