Tendo em vista a
crise política e institucional vivida atualmente no Brasil e agravada por
graves denúncias de corrupção, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançam nesta
quarta-feira, 25 de fevereiro, o Manifesto em Defesa da Democracia. Na
cerimônia, em Brasília, os presidentes das respectivas entidades – o arcebispo
de Aparecida (São Paulo), cardeal Raymundo Damasceno Assis, e o advogado Marcus
Vinicius Furtado Coêlho – apresentam o posicionamento das instituições em favor
do regime Democrático
Movimentos se mobilizam em torno do Projeto de
Iniciativa Popular
pela reforma política.
A iniciativa da CNBB e da OAB em divulgar o manifesto foi motivada pelas
"graves dificuldades político-sociais” que ocorrem atualmente no Brasil. O
texto pretende reafirmar à população brasileira a importância da ordem
constitucional e a normalidade democrática.
Os presidentes das entidades também chamam atenção para os vícios que
geram crises nas instituições da democracia, como o financiamento empresarial
das campanhas políticas. Neste sentido, o manifesto defende a urgente Reforma
Política Democrática para corrigir tais distorções que ameaçam a democracia e
cerceiam a participação efetiva do povo nas decisões importantes para o futuro
do país.
Sobre o Projeto
A Coalizão, formada por quase 100 entidades, entre elas a CNBB, a OAB e
o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), pretende coletar mais de
1,5 milhão de assinaturas para que seja apresentado ao Congresso Nacional um
Projeto de Lei de Iniciativa Popular.
A proposta, assim como o PL 6316 – que foi arquivado pela Câmara –
altera o financiamento eleitoral, de forma que seja exclusivamente público e de
pessoas físicas, afastando assim a influência do poder econômico sobre as
candidaturas.
Também é sugerida uma mudança no sistema eleitoral. A eleição para os
cargos legislativos seria feita em dois turnos. No primeiro, o eleitor
escolheria o programa apresentado pelos partidos políticos. O segundo turno
seria o momento em que os eleitores escolheriam os candidatos que colocariam em
prática as propostas do primeiro turno.
Outras sugestões da Coalizão com o projeto de reforma política
democrática é ampliar e fortalecer a participação da mulher e de grupos
sub-representados na política e a regulamentação do artigo 14 da Constituição
Federal, que trata das ferramentas de participação popular, como Projeto de Lei
de Iniciativa Popular, Plebiscito e Referendo. O objetivo é a coexistência da
democracia representativa com a democracia participativa.
Posicionamento
No Plano de Mobilização da Coalizão irá constar o posicionamento
contrário ao Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 352/2013. Resultado de um
Grupo de Trabalho destinado a estudar e apresentar no Congresso Nacional
propostas referentes à reforma política e à consulta popular sobre o tema, o
projeto prevê a "autonomia de organização partidária”. Na hipótese, os
partidos escolheriam o modo de financiamento eleitoral: exclusivamente com
recursos públicos, exclusivamente com recursos privados ou por uma combinação
das duas fontes.
O financiamento com doações de pessoas jurídicas, defendido pela PEC e
por outros projetos em análise na Câmara dos Deputados, foi condenado pelo
bispo auxiliar de Belo Horizonte (Estado de Minas Gerais) e representante da
CNBB na executiva da Coalizão. "É a porta mais larga para a corrupção. Uma
empresa que doa milhões para eleger alguns candidatos não faz isso
gratuitamente”, afirmou o bispo.