O martírio da irmã Dorothy Stang,
brutalmente assassinada no Pará, completou 19 anos, ontem. A missionária
americana naturalizada brasileira chegou ao país em 1966 para trabalhar como
missionária com outras religiosas da congregação Notre Dame de Namur, todas
vindas dos Estados Unidos. Em 1970, mudou-se para a cidade paraense de Anapu.
Desde então, Dorothy Stang dedicou-se à luta por proteção ambiental e pelos
direitos de trabalhadores rurais envolvidos em conflitos por terra. Por essa
atuação, foi morta a tiros.
...
Felício Pontes Júnior, procurador
regional da República, que atuou no processo que investigou o assassinato da
irmã Dorothy, disse ao Correio que o legado da missionária é cada vez mais
atual. “Ela conciliava direitos humanos com direitos da natureza quando esse
último termo não era nem utilizado naquele tempo. Esses assassinatos e de
tantos outros mártires da Amazônia mostram que nós ainda não conseguimos fazer
com que o Estado se tornasse presente na região. Quando o Estado não está
presente, impera a lei dos mais fortes. Nesse caso, os mais fortes sempre são
fazendeiros e madeireiros que ainda constituem a elite econômica da região.”
Pressão
internacional
A execução da irmã Dorothy, que teve ampla
repercussão na imprensa do Brasil e do exterior, chamou atenção para a ascensão
das tensões que aconteciam na região. O assassinato da missionária pressionou o
governo brasileiro, que sofreu pressões internacionais, em um momento
particular em que se discutia o desmatamento desenfreado da Floresta Amazônica
e a violência no campo. À época, o presidente Lula — que governava o país pela
segunda vez — afirmou que “só descansaria” quando os responsáveis pelo assassinato
fossem presos.
Na avaliação do
procurador Felício Pontes Júnior, o assassinato da irmã Dorothy foi um dos
poucos homicídios no campo devidamente julgados em que os assassinos foram
identificados e condenados à cadeia. “Esse é um dos raros casos na Justiça na
Amazônia em que todos aqueles que, pelas provas dos autos, estavam envolvidos
no caso, foram devidamente julgados e condenados.”
Dorothy Stang se tornou um símbolo dos conflitos agrários no
país. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) prestou homenagem à
missionária, ontem, e se posicionou sobre o legado da ativista ambiental.
“Neste 12 de fevereiro, a Igreja na Amazônia faz memória dos 19 anos do
martírio de Irmã Dorothy Stang. Mesmo com o passar do tempo, Irmã Dorothy
continua presente! Seu legado continua vivo na luta do povo por justiça, pelo
direito de plantar e colher com dignidade.”
Texto na integra em
Dorothy Stang, a voz que ainda ecoa na floresta (correiobraziliense.com.br)
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