Eu
vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Irmã Dorothy Stang dedicou a sua
vida respondendo a este apelo evangélico, lutando por vida. Em 2023 faz 18
anos que a tirania, a violência e a ganância assassinaram a irmã Dorothy.
Essa mesma violência hoje mata os
Yanomami e outros povos indígenas. Expulsa comunidades tradicionais dos seus
territórios ancestrais, envenena a terra e as águas. Destrói as florestas com
motosserras e fogo.
Diante desta realidade, nós, Irmãs
de Notre Dame de Namur, junto com várias outras pessoas deste país que
querem ser testemunhas do amor generoso de Jesus - que trabalhou para que não
houvesse fome nem dor - reafirmamos o nosso compromisso de não descansar
enquanto não houver justa distribuição das bondades da terra entre as filhas e
os filhos de Deus.
Nós, que assinamos este manifesto, DENUNCIAMOS
as injustiças perpetradas contra os Yanomami e outros povos originários e
tradicionais, como também contra comunidades camponesas de agricultores
familiares espalhadas por todo o Brasil e EXIGIMOS:
1. A imediata retirada de
todos os garimpos de dentro das terras indígenas e de qualquer outro lugar em
que estejam causando destruição e violência à vida;
2. A retomada urgente dos processos de
homologação de Terras Indígenas que ficaram paralisados durante estes últimos
anos;
3. A retomada dos processos de
reconhecimento e titulação de territórios quilombolas;
4. A retomada dos processos de
regularização fundiária dos territórios ribeirinhos e de
outras comunidades tradicionais,
principalmente na Amazônia;
5. A retomada dos processos de criação
de assentamentos de famílias de agricultores familiares;
6. Punição dos que cometeram e
continuam cometendo todo tipo de crime contra estes povos e contra a Mãe-Terra,
nossa Casa Comum.
Senhores/as senadores/as, senhores/as
deputados/as federais, senhor presidente da República: é a vocês que está sendo
feita esta exigência.
Senhores deputados/as estaduais, senhor
governador do estado: é também a vocês que dirigimos estas exigências.
Não arredaremos o pé! Não descansaremos
enquanto não for feita justiça a estes povos.
Em nome de Jesus de Nazaré, a quem
seguimos, e em memória dos nossos queridos e das nossas queridas que foram
mortos pela violência dos poderosos e pela negligência do estado brasileiro,
nós exigimos:
Trabalhem pelo Brasil e pelo povo brasileiro,
e não por seus interesses particulares!
Assim nos posicionamos, de pé e com firmeza, neste dia 12 de fevereiro, em memória da nossa irmã Dorothy Stang que há 18 anos foi cruelmente assassinada enquanto lutava pela vida da floresta e do povo que dela vive.