Fundado em 12 de fevereiro de 2010 em memória da morte da irmã Dorothy Stang. Têm por finalidade atuar como órgão de defesa da pessoa humana e da coletividade, promovendo a formação e a construção de uma consciência crítica, orientando, organizando, acompanhando e desenvolvendo projetos que tenham como meta principal o resgate do “ser cidadão”
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Entidade de Direitos Humanos repudia atitude arbitrária do presidente da Câmara de Valinhos
“As cenas presenciadas pela população presente provocaram e continuam provocando profundo mal-estar e comoção, levantando sérios questionamentos a respeito da capacidade emocional e do necessário equilíbrio exigido às pessoas incumbidas de conduzirem e, no tratar da coisa pública”, diz o documento endereçado ao vereador Sidmar Rodrigo Toloi.
Os fatos ocorridos na sessão extraordinária da Câmara Municipal de Valinhos do dia 06/12, convocada para a votação do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo, continuam repercutindo na cidade.
Na ocasião, o presidente do legislativo mandou a Guarda Municipal retirar do recinto populares que manifestarem descontentamento com a condução da reunião que aprovou a legislação autorizando o avanço da urbanização sobre a Serra dos Cocais e Zona Rural.
O Centro de Cidadania, Defesa dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social “Dorothy Stang protocolou uma “Moção de Repúdio” endereçada ao vereador Sidmar Rodrigo Toloi, presidente da Câmara.
Confira:
“MOÇÃO DE REPÚDIO – Câmara Municipal de Valinhos
”Excelentíssimo Sr. Presidente
O Centro de Cidadania, Defesa dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social “Dorothy Stang”, na pessoa de sua presidente, vem por meio desta, em nome de seus colaboradores e da sociedade civil, manifestar repúdio pelos acometimentos sem justificativas contra munícipes de Valinhos. A agressão e a truculência ocorreram no dia 06 de dezembro de 2023, na Câmara Municipal de Valinhos S/P, durante a 2º Sessão Extraordinária para discussão e votação dos Projetos de Leis que revisão revisam o Plano Diretor III e Uso e Ocupação do Solo da cidade.
As cenas presenciadas pela população presente provocaram e continuam provocando profundo mal-estar e comoção, levantando sérios questionamentos a respeito da capacidade emocional e do necessário equilíbrio exigido às pessoas incumbidas de conduzirem e, no tratar da coisa pública.
Desta forma, não se encontram razões que justifiquem tamanha violência contra uma população que sempre foi participativa e pauta suas ações de forma democrática. A presença ostensiva de policiamento dentro do recinto e com diversas viaturas cercando os arredores da Câmara, por si só, já foi uma provocação contra aqueles que de forma pacífica pretendiam acompanhar a leitura e discussão das emendas e subemendas a serem apresentadas, tanto pela Comissão de Sistematização, como pelos demais vereadores. Isto gera uma dúvida quanto a intencionalidade desta ação em si de querer de fato provocar a sociedade.
Nada justificava o armamento de choque.
Nada justificava a retirada de forma truculenta daqueles que, há anos acompanham as reuniões e audiências públicas presencialmente.
Lamenta-se, desta forma, a falta de prudência e bom senso em contornar situações conflituosas que levaram a produzir tamanha violência. Os direitos constitucionais das pessoas, de livre manifestação, foram mais uma vez violados. A Casa do Povo, onde portas devem estar sempre abertas e estes serem ouvidos, acolhidos e atendidos, jamais deveria ser a mesma que os açoita.
Queremos que sejam responsabilizados aqueles que se valeram, autoritariamente, do poder para agredir a sociedade que dizem representar.
Solicitamos leitura na 40º Sessão Ordinária na Plenária da Câmara Municipal de 12 de dezembro de 2023″.
Atenciosamente,
Maria Teresa E. Amaral – Presidente”
domingo, 19 de fevereiro de 2023
MANIFESTO PELA VIDA POR OCASIÃO DOS 18 ANOS DESDE ASSASSINATO DE IRMÃ DOROTHY STANG
Eu
vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Irmã Dorothy Stang dedicou a sua
vida respondendo a este apelo evangélico, lutando por vida. Em 2023 faz 18
anos que a tirania, a violência e a ganância assassinaram a irmã Dorothy.
Essa mesma violência hoje mata os
Yanomami e outros povos indígenas. Expulsa comunidades tradicionais dos seus
territórios ancestrais, envenena a terra e as águas. Destrói as florestas com
motosserras e fogo.
Diante desta realidade, nós, Irmãs
de Notre Dame de Namur, junto com várias outras pessoas deste país que
querem ser testemunhas do amor generoso de Jesus - que trabalhou para que não
houvesse fome nem dor - reafirmamos o nosso compromisso de não descansar
enquanto não houver justa distribuição das bondades da terra entre as filhas e
os filhos de Deus.
Nós, que assinamos este manifesto, DENUNCIAMOS
as injustiças perpetradas contra os Yanomami e outros povos originários e
tradicionais, como também contra comunidades camponesas de agricultores
familiares espalhadas por todo o Brasil e EXIGIMOS:
1. A imediata retirada de
todos os garimpos de dentro das terras indígenas e de qualquer outro lugar em
que estejam causando destruição e violência à vida;
2. A retomada urgente dos processos de
homologação de Terras Indígenas que ficaram paralisados durante estes últimos
anos;
3. A retomada dos processos de
reconhecimento e titulação de territórios quilombolas;
4. A retomada dos processos de
regularização fundiária dos territórios ribeirinhos e de
outras comunidades tradicionais,
principalmente na Amazônia;
5. A retomada dos processos de criação
de assentamentos de famílias de agricultores familiares;
6. Punição dos que cometeram e
continuam cometendo todo tipo de crime contra estes povos e contra a Mãe-Terra,
nossa Casa Comum.
Senhores/as senadores/as, senhores/as
deputados/as federais, senhor presidente da República: é a vocês que está sendo
feita esta exigência.
Senhores deputados/as estaduais, senhor
governador do estado: é também a vocês que dirigimos estas exigências.
Não arredaremos o pé! Não descansaremos
enquanto não for feita justiça a estes povos.
Em nome de Jesus de Nazaré, a quem
seguimos, e em memória dos nossos queridos e das nossas queridas que foram
mortos pela violência dos poderosos e pela negligência do estado brasileiro,
nós exigimos:
Trabalhem pelo Brasil e pelo povo brasileiro,
e não por seus interesses particulares!
Assim nos posicionamos, de pé e com firmeza, neste dia 12 de fevereiro, em memória da nossa irmã Dorothy Stang que há 18 anos foi cruelmente assassinada enquanto lutava pela vida da floresta e do povo que dela vive.
domingo, 12 de fevereiro de 2023